A primeira necessidade é conhecer o sentido da vida sexual
no plano de
Deus. O sexo tem duas dimensões na vida conjugal: unitiva e
procriativa.
A dimensão unitiva significa que o sexo é um meio de unidade
do casal.
Mais do que nunca é no relacionamento sexual que eles se
tornam
uma só carne . São Paulo lembra aos coríntios o perigo do pecado
da fornicação, exatamente porque, como diz, aquele que se
ajunta a
uma prostituta se torna um só corpo com ela.
O ato sexual, para o casal, é a mais intensa manifestação do
seu amor;
é a celebração do amor no nível afetivo e sensitivo.
Portanto, não pode
haver sexo sem profundo amor. Ele só pode ser vivido no
casamento,
porque só no casamento existe um compromisso de vida para
toda a vida,
e a responsabilidade de assumir as suas consequências,
especialmente os filhos.
O que faz do sexo algo perigoso e desordenado, é exatamente
o seu uso fora
de uma realidade de manifestação de amor. Se tirarmos o
amor, o sexo se
transforma em mera prostituição: sexo sem amor, sem
compromisso.
Aquele que usa da prostituta não tem responsabilidade sobre
ela;
não importa se amanhã ela estará doente, desempregada,
passando fome,
ou morrendo de AIDS. Foi apenas um instrumento de prazer,
que foi alugado por alguns instantes. É o grande
desvirtuamento
de uma das realidades mais lindas criadas por Deus.
Se ao criar todas as coisas, ´Deus viu que tudo era bom´(Gen.
1,10),
também o sexo, já que foi feito com a bela finalidade de
gerar a vida
e unir os esposos. Se ele fosse sujo, em si mesmo, a criança
não poderia
ser tão bela e inocente. Nossos filhos vieram ao mundo
porque tivemos
relações sexuais. Deus, na Sua sabedoria, quis assim; quis
que no auge
da celebração do amor do casal, o filho fosse gerado, para
que este não
fosse apenas ´carne da carne dos pais´, mas ´amor do seu
amor´.
A Igreja sempre viu com olhos claros esta realidade. São
Paulo,
há vinte séculos já dava orientação segura aos fiéis de
Corinto, sobre isto:
O marido cumpra o seu dever para com a sua esposa e da mesma
forma também a esposa o cumpra para com o marido. A mulher
não pode dispor de seu corpo: ele pertence a seu marido. E
da mesma
forma o marido não pode dispor do seu corpo: ele pertence à
sua esposa.
Não vos recuseis um ao outro, a não ser de comum acordo, por
algum tempo,
para vos aplicardes à oração; e depois retornais um para o
outro, para que
não vos tente Satanás por vossa incontinência (1 Cor 7,
3´5).
Com essas orientações o Apóstolo mostra a legitimidade da
vida sexual
no casamento, e até pede que os casais não se abstenham dela
por
muito tempo. ´Não vos recuseis um ao outro´, ele diz ; e
pede que
cada um ´cumpra o seu dever´ para com o outro.
Como não ver nestas palavras do Apóstolo, um pedido aos
cônjuges,
para que satisfaçam as legítimas aspirações do outro? É
claro que a luz
a guiar este relacionamento há de ser sempre o amor e nunca
o egoísmo,
haverá épocas na vida do casal, que a relação sexual será
impossível,
quando a esposa está grávida, já próximo de dar à luz, após
o parto,
quando passa por uma cirurgia, etc. Nessas ocasiões, e em
muitas outras,
por bom senso, mas também por caridade para com a esposa, o
esposo há
de respeitá-la.
Lembro-me de que quando a minha esposa ficou grávida de
nosso
terceiro filho, logo no início da gravidez teve uma ameaça
de aborto.
A primeira coisa que o médico nos mandou foi suspender as
relações sexuais
de imediato; e isto foi durante toda a gravidez. Só por
amor, e com a
graça de Deus que o casal recebe pelo sacramento do
matrimônio,
é possível superar isto. São as exigências do amor.
O fato do sexo ser legítimo no
casamento, e só no casamento, não quer dizer que nele vale
tudo como se diz.
Não somos animais irracionais; aliás, nem os animais
irracionais fazem
estrepolias em termos de sexo. Ao contrário, são
extremamente naturais.
A moral católica se rege pela lei natural, que Deus colocou
no mundo e
no coração do homem. Aquilo que não está de acordo com a
natureza,
não está de acordo com a moral. Será que, por exemplo, o
sexo oral ou
anal estão de acordo com a natureza? Certamente não.
O Catecismo da Igreja nos ensina o seguinte:
Os atos com os quais os cônjuges se unem íntima e castamente
são
honestos e dignos. Quando realizados de maneira
verdadeiramente
humana, testemunham e desenvolvem a mútua doação pela qual
os esposos se enriquecem com o coração alegre e agradecido
(CIC, 2362; GS, 49).
Em discurso proferido em 29/10/1951, o Papa Pio XII disse
palavras
esclarecedoras sobre a vida sexual dos casais:
O próprio Criador... estabeleceu que nesta função (i.é, de
geração) os esposos sentissem prazer e satisfação do corpo e
do espírito.
Portanto, os esposos não fazem nada de mal em procurar este
prazer e
em gozá-lo.
Eles aceitam o que o Criador lhes destinou. Contudo, os
esposos devem saber
manter-se nos limites de uma moderação justa (CIC, 2362).
Tenho ouvido esposas que se queixam dos maridos que as
obrigam a fazer o
que elas não querem e não aceitam no ato sexual. Neste caso,
será uma
violência obrigá-las a isto.
Aquilo que cada um aceita, dentro das características
psicológicas de cada um,
não sendo uma violência à lei natural, pode ser vivido com
liberdade pelo casal.
É legítimo que o esposo prepare a esposa para que haja o que
se chama
harmonia sexual; isto é, ambos atingirem juntos o orgasmo. O
esposo deve
se guiar exatamente pela orientação da esposa, que saberá
mostrar-lhe
naturalmente o que ela precisa para chegar ao orgasmo com
ele.
Não é fácil muitas vezes o
ajustamento sexual do casal; e às vezes leva-se anos para
que ele aconteça.
Também aí há de haver a paciência e a bondade de um para com
o outro, para
Ajudá-lo a superar as suas dificuldades. Já acompanhei
casais que levaram meses
para conseguir realizar a primeira relação sexual. As vezes,
os condicionamentos
do passado, especialmente para a mulher, geram essas
situações. Aí então, mais
do que nunca, é preciso fé, paciência e oração. Mas tudo se
resolve, se houver
esses ingredientes.
Em tudo o homem é diferente da mulher; Deus nos fez
assim, exatamente para que pudéssemos, ricamente, nos
complementar e
enriquecer mutuamente. Também no sexo somos diferentes. O
homem é
muito mais ativo.
Normalmente é ele que procura a mulher.
Alguém disse que em termos de
sexo o homem é como um fogão a gás, enquanto a mulher é como
um
fogão a lenha. É fácil e rápido acender um fogão a gás;
basta ter gás e uma centelha.
Mas não é tão fácil acender um fogão a lenha. É preciso
começar pondo fogo
nos pequenos gravetos, lentamente, até que o fogo se acenda.
É assim a natureza
sexual da mulher.
Ao preparar a esposa para o ato sexual, no que se chama de
prelúdio, ele deve ser mestre. Deve fazê-lo com a mesma
maestria que as nossas
avós acendiam todos os dias o fogão a lenha. Se houver
pressa ou imperícia, ou
negligência, o fogo não acende. Está entendendo?
Isto tudo também é
amor.
Certa vez li um livro escrito por um casal de psicólogos
americanos, que trabalhou muitos anos com terapia conjugal,
o casal Bird. Entre
muitas outras coisas interessantes, eles afirmavam que nos
Estados Unidos, a
maioria das mulheres não tinha satisfação na vida sexual e,
muitas vezes, iam
aos consultórios dos psiquiatras dizer que eram doentes,
etc. Na verdade, não se
tratava de mulheres doentes, mas de esposas que não chegaram
ao ajustamento
conjugal, porque não tiveram certamente a cooperação
adequada dos maridos.
É uma questão de educação sexual.
Uma coisa que os homens precisam compreender
muito bem é que a mulher tem muito menos necessidade sexual
do que o
homem; e, como disse João Mohana, ela oferece sexo para
receber amor,
enquanto o homem oferece amor para receber sexo. Para a
mulher, o
que conta é o amor; o romance, as palavras doces... e muitas
vezes os homens
não entendem isto.
Para conseguir chegar ao orgasmo, a mulher precisa ser
verdadeiramente
amada, respeitada, valorizada, protegida, etc., pelo seu
esposo; mais do que
entregar-lhe o corpo, ela tem que entregar-lhe o coração. O
ato sexual
para ela não começa na cama, mas no café da manhã, no beijo
da despedida
quando ele sai para o serviço, no telefonema que ele deu
durante o dia, naquela
rosa, etc.
Há marido que ofende a esposa o dia todo, e durante a noite
quer ter uma
doce relação com ela; ora , isto é impossível. Não se esqueça
que o sexo é
manifestação de amor. Como manifestar o amor, se ele não
existe? Como
unir bem os corpos se os corações não estão unidos?
Ao falar da sexualidade no casamento, o Catecismo afirma
exatamente isto:
A sexualidade, mediante a qual o homem e a mulher se doam um
ao outro com
os atos próprios e exclusivos dos esposos, não é em absoluto
algo puramente
biológico, mas diz respeito ao núcleo íntimo da pessoa
humana como tal.
Ela só se realiza de maneira verdadeiramente humana se for
parte integral do
amor com o qual homem e mulher se empenham totalmente um
para com o
outro até a morte.´ (CIC, 2361; FC,11).
Há esposo que não se preocupa com a satisfação da esposa no
ato
conjugal; e, uma vez satisfeito, vira para o lado e dorme.
Muitas vezes esta
situação vai ficando insuportável para a esposa; e esta,
tantas vezes, começa a
se negar ao ato sexual. Com mil desculpas começa a
dizer hoje não, estou
cansada, tenho dor de cabeça, etc. Já ouvi muitas mulheres
dizerem que não
suportavam mais ´aquilo´... Quando esta situação se agrava,
para muitos
maridos, surge a tentação de procurar a satisfação fora de
casa; e aí tudo
começa a se complicar.
Portanto, marido e mulher precisam se esforçar, fazendo cada
um o que é necessário para que o casal atinja a harmonia
sexual desejada e
necessária. De um lado o marido precisa se satisfazer com a
própria esposa,
até mesmo para superar as tentações e seduções do mundo. De
outro lado,
ele precisa ajudá-la a superar as dificuldades apresentadas
acima, afim de
que a vida sexual não se torne um tormento para ela.
Especialmente no nosso mundo de hoje, cheio de sexo
explícito a infernizar
a vida dos homens, a esposa não pode se negar ao ato sexual,
sem razões.
Por causa disso, muitos maridos acabaram nos braços de
outras mulheres.
Certa vez um esposo me disse que tinha perdido a atração
sexual por
sua esposa, e estava angustiado. Perguntei-lhe se sentia
atração pelas
outras mulheres. A resposta foi rápida: ´ah, sim!´ Então foi
fácil dar-lhe
a receita que precisava; disse-lhe: deixe de olhar para as
outras mulheres, em quaisquer situações, e a atração pela
sua esposa
voltará naturalmente. Também aqui, a fidelidade conjugal é
garantia de felicidade no casamento.
Se nós homens nos policiarmos, e não nos permitirmos, de
forma alguma, olhar as outras mulheres com desejos, nem
assistir
filmes pornográficos, e coisas parecidas, então, nos bastará
a satisfação
legítima do
ato conjugal com nossas esposas. Infelizmente muitos maridos
se
permitem entrar no mundo das fantasias perigosas e
proibidas,
e depois não querem mais saber das suas esposas. Onde está o
compromisso do matrimônio? Onde está o amor à família?
Onde está a maturidade? Não se esqueça que quem brinca
com fogo acaba se queimando; e que é a ocasião que muitas
vezes faz o ladrão. Sabemos que aquilo que os olhos não
vêem,
o coração não sente.
Vigiai e orai, porque o espírito é forte, mas a carne é
fraca.
Para impedir o adultério, de fato, é preciso impedir antes o
adultério de coração. Todo aquele que lançar um olhar de
cobiça
para uma mulher, já adulterou com ela em seu coração (Mt
5,28).
Se os homens não cometessem esse pecado, não perderiam a
atração por suas próprias esposas.
O Apóstolo nos lembra a seriedade do matrimônio:
Vós todos considerai o matrimônio com respeito, e conservai
o leito conjugal imaculado, porque Deus julgará os impuros e
os adúlteros (Hb 13,4).
Gostaria aqui de dizer uma palavra aos jovens que se
preparam
para o casamento. A Igreja, com a sua sabedoria divina, e
com sua
bondade de mãe, nos ensina que o sexo só deve ser vivido no
casamento,
porque somente ali ele é verdadeiramente um instrumento do
amor e
da procriação, de maneira séria e responsável.
É claro que viver isto, é para o jovem muito difícil nos
dias atuais, onde o sexo é comercializado de inúmeras
formas,
e oferecido de mil maneiras absurdas. No entanto, mais do
que nunca hoje,
com a força da graça de
Deus, é preciso viver a castidade e a virgindade, pois esta
será a melhor
maneira de você se preparar, como Deus quer, para o seu
casamento.
Este é o grande desafio para o jovem cristão hoje. O poeta
Paul Claudel
disse certa vez que: a juventude não foi feita para o
prazer, mas para o desafio.
Um jovem que se preparou para o casamento, guardando a
castidade e a virgindade, preparou se para ser fiel ao outro
no casamento.
E será abençoado por Deus, porque cumpriu a Sua santa
vontade.
É hoje um desafio, um santo e heroico desafio, que Deus
oferece
àqueles que forem dignos do nome de cristãos. Ainda que os
amigos
não entendam, ainda que o namorado te abandone, vale a pena
guardar o seu corpo, que é templo do Espírito Santo, para
viver
o sexo somente no casamento, segundo o plano de Deus.
Ninguém é mais feliz do que aquele que
faz a vontade de Deus e obedece Suas Leis.
Jovem que lê estas páginas,
se você quiser construir um belo lar, então comece a
construir
você em primeiro lugar. E construir-se é, antes de tudo,
dominar-se,
controlar as paixões desordenadas que guerreiam em nossos
membros.
Elas podem ser dominadas com o auxílio da graça de Deus.
Mais do que ninguém, o grande Agostinho viveu isto e pôde
nos ensinar
que: ´o que é impossível à natureza, é possível à graça de
Deus.
Por isso, aproxime se de Deus e da sua graça. Receba
regularmente
os sacramentos, reze o Rosário da Mãe da pureza, encontre se
frequentemente com Jesus na Eucaristia, pois Ele é o Remédio
e o
Sustento da nossa alma. E você vencerá. Sua família será
bela e seus
filhos serão felizes ao seu lado. A luta mais gloriosa que
já travei na
minha vida toda foi esta: guardar a castidade até
o casamento; não foi fácil; foi preciso muita convicção, fé,
orações, e até
lágrimas, mas tudo compensou. Colho hoje a alegria nos
filhos.
Fora do casamento o sexo só traz problemas e misérias:
doenças venéreas,
abortos, crimes sexuais, filhos abandonados, órfãos de pais
vivos, mães e
pais solteiros, milhões de jovens adolescentes grávidas e
sem a mínima
condição de criarem os seus filhos...O que serão dessas
crianças mais
tarde? Drogados? Assassinos?
Ladrões?... Tudo pode acontecer com uma criança que é criada
sem receber a
educação dos pais.
Podemos dizer, sem medo de errar, que a miséria de
nossa sociedade tem o seu fundamento na sua miséria moral.
Porque ela abandona a lei de Deus, pagando por isso um preço
incomensurável.
Medite nessas palavras, e viva as:
Felizes os que temem o Senhor,
Os que andam em seus caminhos.
Poderás viver, então, do trabalho de suas mãos,
Serás feliz e terás bem estar.
Tua mulher será em teu lar
Como uma vinha fecunda.
Teus filhos em torno à tua mesa serão
Como brotos de oliveira.
Assim será abençoado aquele Que
teme o Senhor (Sl 127,14).
Aqueles que cumprem a Lei de Deus, são verdadeiramente
felizes e
constroem famílias fortes. Vejamos o que Deus disse a
Moisés sobre a felicidade que acompanha os que vivem os
Seus mandamentos:
Se obedeceres fielmente à voz do Senhor, teu Deus,
praticando
cuidadosamente todos os seus mandamentos que hoje te
prescrevo,
o Senhor, teu Deus, elevar te á acima de todas as nações da
terra.
Estas são as bênçãos que virão sobre ti, e te tocarão se
obedeceres a
voz do Senhor, teu Deus. Serás bendito na cidade e bendito
nos campos.
Será bendito o fruto de tuas
entranhas, o fruto de teu solo, o fruto de teu gado, as
crias de tuas
vacas e de tuas ovelhas; benditas serão a tua cesta e a tua
amassadeira.
Serás bendito quando entrares e bendito quando saires. O
Senhor
expulsará diante de ti todos os inimigos que te atacarem...
O Senhor mandará que a benção esteja
contigo, em teus celeiros e em tuas obras, e te abençoará na
terra
que há de dar o Senhor teu Deus. O Senhor te confirmará como
um
povo consagrado a Ele, como te jurou, contanto que observes
suas
ordens e andes pelos seus caminhos. (Deut. 28,1´14)
Esta é a grande felicidade que Deus promete a todos aqueles
que
são fiéis aos seus ensinamentos, guardados e ensinados pela
Igreja,
Do livro ´ FAMÍLIA, SANTUÁRIO DA VIDA´ ´
Prof. Felipe Aquino
Amém a tudo isso meu amor.! Que o Cristo Redentor rogue por nós para alcançarmos uma verdadeira família na graça de Deus.!
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